13 de janeiro de 2012

Protesto em Vitoria - ES


O que aconteceu no dia 11/01/2012 em Vitória-ES

A manifestação foi marcada para 7h da manhã no centro, mesmo chovendo. 
Marcamos mesmo sabendo de toda a adversidade de se trancar uma rua 
assim tão cedo. Trancando 7h, ninguém que se atrasasse conseguiria chegar 
ao local de encontro, pois se tratando da ilha de Vitória, aquele é o nó de encontro 
de todas as vias. E as chuvas que têm caido aqui eram agravantes para uma 
mobilização satisfatória. Todos os militantes se preocuparam mas decidimos manter.

A concentração começou às 6h da manhã. Para nossa surpresa, às 7h em ponto, sem atrasos, trancamos o centro de Vitória com chuva com cerca de 130 pessoas mais 20 trabalhadores do porto de Vitória que abandonaram o trabalho 
e se juntaram a nós!

Por volta das 8:30h ainda não haviamos acendido nenhum pneu. Mesmo assim, 
a polícia já chegou atirando com armas não letais, bombas e avançando com 
sua cavalaria. Nesse momento acendemos o fogo dos pneus e iniciamos o 
procedimento de proteção e recuo em direção ao trânsito que havia se formado.

As bombas eram atiradas mesmo nos ônibus lotados que ficavam 
empestiados de gás lacrimogênio sufocando os passageiros. Nesse momento 
alguém da multidão atirou um pouco de gasolina no pneu de um ônibus, outro 
veio e acendeu... Estava pronto o fato político e a polêmica que balizaria tudo aqui. 
Um ônibus se incendiou. Nenhum transeunte ferido, nenhum manifestante ferido 
com gravidade, dois manifestantes presos, um governador sem dar as caras, 
uma cidade insatisfeita com o transporte... mas o assunto escolhido foi o ônibus. 
As 
armas de informação da sociedade instalam nas pessoas um sentimento de que 
aquele 
ônibus (que tem seguro) que não fará falta alguma à enorme frota do sistema 
TRANSCOL, 
fosse um ente querido. Algumas pessoas julgaram uma violência, só não 
sabem formular 
em suas mentes contra quem aquela violência foi praticada. Nós, o movimento, 
não 
sabemos de quem foi a autoria daquele incendio.
No meio do centro de Vitória, um ônibus ardia em chamas. Muitas teses aparecem, o governo especula ter sido obra das "lideranças", assim facilita a intimidação, a criminalização e o sufocamento do movimento. O movimento especula ter sido obra de sabotagem policial, plantando um fato político que justificasse o uso e abuso de sua força repressiva até então aquartelada. Pode ter sido um anônimo, que estava no meio da "muvuca", indignado com o preço do transporte e transformou sua indignação em chamas, acreditando ser a forma 
mais calorosa de chamar a atenção e de despertar um povo que dorme no 
conforto do senso comum.

Logo após, decidimos pela dispersão do movimento em meio a cidade, visto que 
haviam muitas filmagens (nunca vi tantas câmeras de filmagem em uma 
manifestação em minha vida!!). A frota da polícia nada modesta já havia bloqueado 
e sitiado todo o centro de Vitória. Muitos estudantes foram abordados pela cidade, 
foram revistados e dois foram presos.

Hoje, na cidade de Vitória, existe um debate em todas as camadas sociais. 
Pela primeira vez, este movimento ainda predominantemente estudantil, tem 
prevalecido com apoio dos setores mais populares. A elitização do sistema de 
transporte tem aumentado a insatisfação desses setores e, inevitavelmente, convencido 
as pessoas para ações mais radicalizadas.

Nessa mesma semana:

1 - O movimento, na segunda feira dia 09, saiu da UFES e foi até a terceira
 ponte (que liga Vitória à Vila Velha) e abriu as cancelas do pedágio permitindo 
aos carros passarem de graça.
2 - Na terça feira, dia 10, uma manifestação articulada em Aracruz (Com a Ong Amigos da barra do Riacho, indígenas
sindicatos, MTL, movimento de moradias) fecharam as rodovias estaduais em 5 pontos, 
exigindo redução das passagens e melhorias nas estradas.
3 - Na quarta feira Vitória parou. Em Cariacica, moradores protestavam pela 
falta de infra-estrutura, que gerou um problema de enchentes e impedia a
 mobilidade dos moradores dos bairros de periferia.

O governador não deu nenhuma declaração. Não responde críticas, não 
responde cobranças do povo. Seus porta-vozes, o jornal A Tribuna, o secretário 
de transportes Fábio Damasceno e a pelegagem estudantil, criminalizam 
ferozmente os movimentos sociais. Acham que todos devem ficar calados
 diante do desespero.

O movimento não vai parar. Mais um ano de protestos se inicia, e a palavra 
de ordem é resistir, até a tarifa cair!









Fonte: MTL -ES

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